Pavimento na Praça do Município,
em Lisboa, 1997/99
No projecto deste pavimento em
calçada-mosaico, a preto e branco, procurei resolver algumas questões prévias,
que coloquei a mim próprio. Em primeiro lugar, criar um desenho geométrico para
que a praça fosse percebida como um “tapete” homogéneo, com um padrão de
triângulos rectângulos e de quadrados, que se estendesse a todas as áreas a
organizar plasticamente neste espaço urbano, conferindo-lhe a máxima unidade
interna.
Uma segunda questão, que procurei
resolver foi criar um centro muito bem definido, no reforço do pelourinho, que
sempre esteve colocado no centro desta praça. Para tal, criei um desenho
circular em rotação, que prolongou e expandiu o movimento espiralado, da
coluna-torsa do pelourinho, também ela em rotação interna. Por sua vez, o meu
desenho radial foi subdividido em triângulos semelhantes aos que criei para a
área restante da praça, garantindo assim uma grande unidade interna no desenho
global do pavimento.
Por outro lado, para reforçar esta
intenção de clara acentuação do centro da praça, projectei um tronco de cone
(volumétrico) com uma leve inclinação, que veio erguer o pelourinho sobre o
plano geral do pavimento, e que conferiu ainda mais ênfase ao desenho circular
e em rotação, que projectei para o centro deste espaço urbano.
Não foi fácil ocupar com o padrão-base
de triângulos as pequenas superfícies periféricas, nomeadamente os passeios
separados pelas vias que atravessam a Praça do Município, como não foi fácil rematar
esta malha rígida de triângulos junto às curvas dos referidos arruamentos, mas
tudo se conjugou numa harmonia interna entre o projecto de espaços exteriores
do Arqº Francisco Silva Dias, e o meu desenho de pavimento. Também foi
importante a escolha que fizémos em conjunto do tipo de candeeiros instalados
nesta praça.
Eduardo Nery
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[O autor deste blogue agradece a Eduardo Nery a autorização para publicar estes seus documentos (texto e fotos)]
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