Pavimentação e Arranjo dos Espaços Exteriores do Largo Martim Moniz, (memória descritiva redigida na participação junto da equipa vencedora do concurso de renovação urbana do Martim Moniz, em 1981)
Propõem-se dois tipos de pavimentos
distintos: a calçada de vidraço, que será utilizada em toda a área de
intervenção, excepto nos pátios situados na encosta poente, os quais serão
pavimentados em lajetas prefabricadas de betão, quadradas, com 40 x 40 cm.
Vários objectivos tentam ser atingidos,
nomeadamente:
- Fornecer
à imagem urbana maior unidade e homogeneidade, generalizando a toda a área de
intervenção os dois temas geométricos do círculo e do quadrado, com os quais se
organizam diferentes padrões, com escalas visuais devidamente ajustadas aos
diversos espaços. Com estes dois tipos de variações adapta-se o desenho do
pavimento, quer à ampliação, quer à estreiteza dos espaços onde se situam,
tirando igualmente partido dos ângulos de vista de onde podem ser apreciados.
- Acentuar
os principais percursos, por forma a que o traçado do desenho contribua para
exprimir e caracterizar o tipo de movimento que se efectuará sobre esses
pavimentos (peões), ou na sua proximidade (automobilistas), bem como
determinados eixos de circulação, linhas de composição da arquitectura (proposta ou preexistente), ou certos
enfiamentos.
-Compensar
o claro-escuro ambiental, equilibrando a maior ou menor intensidade luminosa
incidente sobre os pavimentos desenhados, através do jogo do branco-preto do
vidraço, por tal forma que o branco domine nas ruas mais sombrias e,
inversamente, se aumente a área ocupada pelo preto nos pavimentos mais expostos
ao sol.
- Diferenciar
zonas de estar de zonas de passagem. Assim, tanto os pátios a meia encosta,
como a praça principal foram desenhados com formas dotadas de dinamismo e de
ritmo próprios, com a malha de composição a travar e a encerrar parcialmente
esse movimento. Em contrapartida, as barras que acompanham a via principal de
trânsito automóvel, em diagonal, e sobretudo os padrões das ruas pedonais, são
caracterizados por um movimento fluído, muito mais livre, que acentua percursos
dinâmicos, estabelecendo o necessário contraponto com as zonas de estar.
- Integrar
no desenho do pavimento parte das árvores e certo mobiliário urbano, bem como
expressar certas idéias sugeridas por outros elementos preponderantes e
polarizadores do espaço urbano. Assim, nas ruas mais estreitas os pavimentos
integram na sua malha os círculos das caldeiras das árvores (e indirectamente o
contorno das suas copas), e determinam a colocação dos quiosques, eles próprios
desenhados com base na forma circular ou esférica. Por outro lado, como outro
exemplo, a agitação da água da fonte situada no centro da praça principal
comunica-se a todo o espaço circundante, através da ilusão do movimento
centrífugo do desenho do pavimento.
- Finalmente,
o rebatimento sobre o chão de duas fachadas da Capela de Nª Sª da Saúde reforça
a sua integração na nova proposta urbana, ao mesmo tempo que acentua a sua
força expressiva de elemento arquitectónico ímpar, fazendo irradiar o seu duplo
(a sua imagem rebatida) ao espaço envolvente.
Eduardo Nery
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[O autor deste blogue agradece a Eduardo Nery
a autorização para publicar estes seus documentos (texto e fotos)]
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