Small yellow circles mean rotations of order 2. Mirrors are represented by red lines.
Friday, April 29, 2011
Thursday, April 28, 2011
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Tuesday, April 26, 2011
A dívida
Ferreira de Castro
(...)
No escritório, que tinha portinhola aberta para ali, sentava-se Juca Tristão e, de caneta em punho, ia registando o que os seringueiros queriam e diminuindo os pedidos sempre que quem comprava tinha dívida grande na casa.
— Um paneiro de farinha? Não pode ser! Levas só dois litros.
— Mas que vou eu comer, seu Juca, na semana?
— Não sei. Deves mais de seiscentos mil reis. Trabalha!
— Trabalhar mais, eu? A mim nunca seu Alípio ou seu Caetano me apanharam na rede. Bem puxo pela estrada, mas ela é que não dá.
Juca Tristão não respondia. Quando o seringueiro tinha «saldo», vendia-lhe tudo quanto ele desejasse; fosse loucura rematada ou objecto inútil, tudo dava mais lucro do que passar-lhe, no futuro, um saque para ser trocado por bom dinheiro na «casa aviadora», em Manaus. Mas se o trabalhador, por curta estadia ali, por doença ou preguiça não conseguira solver a dívida inicial, que rebentasse de fome, pescasse ou caçasse, pois não lhe forneceria nada que fosse além do valor da produção. De sem-vergonhas que morreram antes de liquidar o débito ou que fugiram como cães, sem que ninguém os apanhasse, havia largo cadastro no seringal, a exemplificar quanto eram perigosas as transigências impostas por dó do coração.
— Então sempre vai o paneiro, patrãozinho? Juca dava-lhe a nota onde lançara os dois litros de farinha e o mais que concedera — e, sem outras explicações, atendia a novo seringueiro. Dali se vinha ao balcão, onde Binda, decifrando o papel, ia fornecendo o que lá estava escrito.
Mas para com os «brabos», ignorantes do que era e não era indispensável, Juca Tristão procedia de maneira diferente. Ele próprio organizava a lista do aviamento: o boião para defumar, a bacia para o latex, o galão, o machadinho, as tigelinhas de folha, todos os utensílios que a extracção da borracha exigia — e mais um quilo de pirarucú e uns litros de farinha, pois nos primeiros dias nunca um «bravo» sabe como se caça a paca e a cotia ou se pesca o tambaqui.
Aquele era sempre o «talão grande» que, somado as despesas da viagem e mais empréstimos, prendia por muitos anos ao seringal, em trabalho de pagamento, o sertanejo ingénuo.
Alberto viu-se com o seu na mão — setecentos e vinte mil reis parcelados por seis ou oito linhas — e, depois, sobre o balcão, meia dúzia de coisas que não valiam um pataco. Atribuiu a engano a soma alarmante, mas o rabo do olho, atirado à nota do vizinho, descobriu nela quantia igual, repetida em quantos papéis se estendiam para Binda.
(...)
(Ferreira de Castro, A selva: romance)
No escritório, que tinha portinhola aberta para ali, sentava-se Juca Tristão e, de caneta em punho, ia registando o que os seringueiros queriam e diminuindo os pedidos sempre que quem comprava tinha dívida grande na casa.
— Um paneiro de farinha? Não pode ser! Levas só dois litros.
— Mas que vou eu comer, seu Juca, na semana?
— Não sei. Deves mais de seiscentos mil reis. Trabalha!
— Trabalhar mais, eu? A mim nunca seu Alípio ou seu Caetano me apanharam na rede. Bem puxo pela estrada, mas ela é que não dá.
Juca Tristão não respondia. Quando o seringueiro tinha «saldo», vendia-lhe tudo quanto ele desejasse; fosse loucura rematada ou objecto inútil, tudo dava mais lucro do que passar-lhe, no futuro, um saque para ser trocado por bom dinheiro na «casa aviadora», em Manaus. Mas se o trabalhador, por curta estadia ali, por doença ou preguiça não conseguira solver a dívida inicial, que rebentasse de fome, pescasse ou caçasse, pois não lhe forneceria nada que fosse além do valor da produção. De sem-vergonhas que morreram antes de liquidar o débito ou que fugiram como cães, sem que ninguém os apanhasse, havia largo cadastro no seringal, a exemplificar quanto eram perigosas as transigências impostas por dó do coração.
— Então sempre vai o paneiro, patrãozinho? Juca dava-lhe a nota onde lançara os dois litros de farinha e o mais que concedera — e, sem outras explicações, atendia a novo seringueiro. Dali se vinha ao balcão, onde Binda, decifrando o papel, ia fornecendo o que lá estava escrito.
Mas para com os «brabos», ignorantes do que era e não era indispensável, Juca Tristão procedia de maneira diferente. Ele próprio organizava a lista do aviamento: o boião para defumar, a bacia para o latex, o galão, o machadinho, as tigelinhas de folha, todos os utensílios que a extracção da borracha exigia — e mais um quilo de pirarucú e uns litros de farinha, pois nos primeiros dias nunca um «bravo» sabe como se caça a paca e a cotia ou se pesca o tambaqui.
Aquele era sempre o «talão grande» que, somado as despesas da viagem e mais empréstimos, prendia por muitos anos ao seringal, em trabalho de pagamento, o sertanejo ingénuo.
Alberto viu-se com o seu na mão — setecentos e vinte mil reis parcelados por seis ou oito linhas — e, depois, sobre o balcão, meia dúzia de coisas que não valiam um pataco. Atribuiu a engano a soma alarmante, mas o rabo do olho, atirado à nota do vizinho, descobriu nela quantia igual, repetida em quantos papéis se estendiam para Binda.
(...)
(Ferreira de Castro, A selva: romance)
Monday, April 25, 2011
Sunday, April 24, 2011
Quando a pátria que temos não a temos...
Exílio
Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
Obra poética: No tempo dividido. Mar novo. Livro sexto
Thursday, April 21, 2011
Roubam-me a Pátria...
.
EPÍGRAFE PARA A ARTE DE FURTAR
Roubam-me Deus
outros o diabo
— quem cantarei?
roubam-me a Pátria;
e a Humanidade
outros ma roubam
— quem cantarei?
sempre há quem roube
quem eu deseje;
e de mim mesmo
todos me roubam
— quem cantarei?
roubam-me a voz
quando me calo,
ou o silêncio
mesmo se falo
— aqui d'el rei!
(Jorge de Sena, 3 de Junho de 1952)
José Afonso - Epígrafe para a Arte de Furtar
Tuesday, April 19, 2011
Wallpaper groups. Portuguese pavements: p2mg
Small yellow circles mean rotations of order 2. Mirrors are represented by red lines and and glides by green ones. Yellow lines are the border of a fundamental region.
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Monday, April 18, 2011
Wallpaper groups. Portuguese pavements: Portugal, Braga - p2mg
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Tuesday, April 12, 2011
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Monday, April 11, 2011
Sunday, April 10, 2011
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Points mean rotations of order 2 and 4. Mirrors are represented by red lines.
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Saturday, April 09, 2011
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Friday, April 08, 2011
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«De qualquer maneira, o destaque ficou para os bordados do final, em dourado clarinho no fundo creme, de bolinhas que pareciam miçangas e costuravam o desenho dos azulejos portugueses.»
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Wednesday, April 06, 2011
Tuesday, April 05, 2011
Monday, April 04, 2011
Wallpaper groups. Portuguese tiles: p1
The border of a fundamental region is represented by black thin lines.
"desenhos" are drawn by Jorge Rezende
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Sunday, April 03, 2011
Wallpaper groups. Portuguese tiles: Brasil - p1
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Friday, April 01, 2011
Um suave azulejo
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