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EPÍGRAFE PARA A ARTE DE FURTAR
Roubam-me Deus
outros o diabo
— quem cantarei?
roubam-me a Pátria;
e a Humanidade
outros ma roubam
— quem cantarei?
sempre há quem roube
quem eu deseje;
e de mim mesmo
todos me roubam
— quem cantarei?
roubam-me a voz
quando me calo,
ou o silêncio
mesmo se falo
— aqui d'el rei!
(Jorge de Sena, 3 de Junho de 1952)
José Afonso - Epígrafe para a Arte de Furtar
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