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A residência do Humbe, a fortaleza e as suas casas dos comerciantes, eram encontradas incendiadas, tendo o incêndio tido lugar por ocasião da retirada de Naulila. Acampadas as tropas no Humbe, no terreno comprehendido entre a fortaleza, principiaram as apresenções de gentio, notando-se porem que este se fazia representar quási exclusivamente por velhos, mulheres e crianças (todos com aspecto esquelético). Os homens válidos tinham passado o Cunene, procurando refugio no Cuamato e no Cuanhama.
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O gentio revoltado era aguerrido e muito numeroso (Cuanhama, Cuamato, Evale, alguns Cuanbis, e foragidos do Humbe e Dongoêna), segundo dados colhidos em autoridades, como Eduardo Costa e João de Almeida, e as informações por mim obtidas, o seu efectivo total deveria orçar por uns oitenta a cem mil combatentes e era necessário ter em conta que tinham o moral muito levantado pela retirada das nossas forças após os acontecimentos de Naulila, e tinham sido em grande parte instruídos pelos alemães, dando-se ainda a circunstancia de à frente da coligação se encontrarem os Cuanhamas, que nunca tinham sofrido o nosso dominio e cujo estado de civilisação já era, segundo todas as fontes de informação, muito apreciável.
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([General] Pereira de Eça, Campanha do Sul de Angola em 1915. Lisboa, Imprensa Nacional, 1921 (109 páginas). Excertos das páginas 79 e 80)
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Nada se sabe das reacções de Mandume e de Sihetekela à aproximação dos Portugueses. Pereira de Eça calculava que as forças potenciais dos seus inimigos podiam chegar a 80 ou 100 000 homens (*), o que mais uma vez revela o amadorismo dos seus serviços de informações (**). O general queria actuar antes da estação das chuvas. Acumulou, pois, no Humbe as maiores forças militares que em Angola foram reunidas antes de 1961.
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(*) Pereira de Eça, Campanha do Sul..., op. cit., p. 23.
(**) Alguns meses antes, o Padre Keiling, mais outro missionário e quatro funantes tinham permitido estabelecer, a 25 de Março de 1915, um plano de ataque ao Cuanhama, cuja população avaliavam em 200 000 almas com 15 000 espingardas, sendo 8000 destas armas finas. À fé dos seus depoimentos, os oficiais do Estado-Maior não previram o ataque frontal dos Ovambos, enganando-se assim redondamente. Em contrapartida, fizeram a lista dos lengas e conselheiros de Mandume «a eliminar». Dos quatro nomes citados (Injucuma, Augusto — conselheiro de Mandume e antigo serviçal no Lubango —, Kalolo, ou Calola, e Aissongo), só o terceiro surgiria em Agosto de 1915 como a alma da resistência. Mandume não devia ser morto mas sim capturado. A. H. M. Caixa 11, N.° 27. Subsídios para a acção no Cuanhama.
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